CIRCUNSCREVE
Há beleza. Força. Pisada forte, robustez interior. Onde ou quando a vontade se quer, com vontade, se mostra. Apenas não somente como um simulacro, ou uma cópia enviada com base em algo em si. I-mediata é a vida. Os escritos aqui o serão. Dentro; de dentro. Circunscritos.
quinta-feira, 18 de março de 2010
CAMBODIA...ONDE ESTAVA ESSE PAÍS ENQUANTO EU FUI CAPAZ DE EXISTIR SEM ELE!NORTE DO CAMBOJA, SIEM REAP, COMPLEXO DE ANGKOR WAT
O conhecimento é o mais potente dos afetos: somente ele é capaz de induzir o ser humano a modificar sua realidade. Foi assim que Nietzsche resumiu o poder que o ato de conhecer tem sobre a vida de um indivíduo. Conhecer nossos afetos, conhecer o intuitivo das relações que criamos com o que nos cerca, homens, animais, vegetais, minerais, mundo denso, mundo sutil metafísico. O conhecimento nos torna demasiadamente humanos, somos, vemos, conhecemos, tornamo-nos incapazes de ter o mundo somente apresentado a nós!
INDONÉSIA, NO SEU ARQUIPÉLAGO, A ILHA QUE SE MANTEVE HINDUÍSTA: BALI
BESAKIH, maior complexo de templos de Bali, na base do Mount Agung, o maior vulcão da região. Deslumbrante, fartura de emoções ao conhecer!
Conhecido como The Mother Temple, ou Pura Besakih, é o mais importante templo de Agama Hindu Dharma, nome formal do hinduísmo na Indonésia. 93% da população de Bali seguem o Hinduísmo. Parte da população de Sumatra, Java, Tenggerese, Lombok e Kalimatan também é adepta do hinduísmo, e isso significa 3% da população da Indonésia! Sua maioria é muçulmana.
Quem chega em Bali não duvida que a crença esteja presente 24 horas na vida dos balineses. Oferendas em todos os lugares, dentro dos automóceis, nas bicicletas e motos, nas ruas, casas, bares, banheiros, e nas mãos da população, em seu percurso rotineiro levando oferendas aos mais diversos templos, os formais, os improvisados, os existentes na maioria das casas de Ubud.
Tudo é feito reverenciando Brahma, o criador, Vishnu, o preservador e Shiva o destruidor. Os rituais são permanentes, tanto que quando eu retornava à noite pela estrada que corta campos de arroz para chegar ao hotel onde eu me hospedava, na completa escuridão e silêncio, sem uma luz sequer, o fazia enxergando a todo momento "fantasmas", que nada mais eram do que as imagens dos deuses em pequenos templos caseiros, cobertas com mantos cerimoniais, que balançavam ao vento.
“Vale mais a pena ver uma coisa
Sempre pela primeira vez que conhecê-la,
Porque conhecer é como nunca ter visto pela primeira vez,
E nunca ter visto pela primeira vez
É só ter ouvido contar”
(Fernando Pessoa em Ficções do Interlúdio, Poemas Completos de Alberto Caieiro
segunda-feira, 4 de janeiro de 2010
CIRCUN-SCREVE
Não existem mapas que possam inserir caminhos que ainda vamos descobrir. Se não podemos ver onde podemos ir, podemos decidir onde não ir, à medida que esse caminho é conhecido. E essa negação é um novo início. Todo mapa de caminho errado é um mapa antigo, portanto, também não valem as alternativas de projeção de histórias já vividas. O outro caminho não pode ser colocado em mapa nenhum.
indo muito á frente da estrada que tomei.
Assim somos compreendidos
E que tem sua luz interior, mesmo à distância -
E nos modifica, mesmo que não alcancemos,
em alguma outra coisa, que sem sentir já somos.."
Rainer M. Rilke
...PARA VIVER O PROCRIAR, BALI
Um ano a mais percorrido. Fui eu que passei pelo tempo ou ele que passou por mim? E lá se vai mais uma década. Como terá sido a anterior a que se acabou? Nem sei mais, mas com certeza dela foi feita toda a paisagem que percorri até agora. Será que sou capaz de mudar as paisagens? Ou de escolher novos caminhos? Talvez, e para tal me disponho a fazer crescer minha idéia sobre harmonia. Talvez sobre o que é alegria. Mais um pouco sobre compreender cada vez mais que a vida tem suas próprias regras, e elas não são as nossas. Diante disso me parece que me indispus mais do que devia, ou poderia. E vivi menos alegrias do que deveria, e podia...emboira não saiba o quanto de verdade há nisso...
Aprendi a passear pelo mundo longe dos hotéis 5 estrelas que deturpam a visão local, e bloqueiam a possibilidade de nos depararmos com a verdadeira cultura. Aprendi a nutrir a minha alma com o contato o mais próximo possível de como a vida é vivida, apreciada, esculpida pela comunidade local. Encantei-me com a minha capacidade, sobre a qual ainda procuro palavras que exprimam tudo aquilo que me nutriu e que com certeza, me transformou num outro ser, mais conectado, flexível, enriquecido com às vezes o som, às vezes o silêncio, desse mundo reverenciado como sagrado, antes tão distante de mim.
Que na década que entra eu possa revisitar a terra onde Brahma criou o paraíso, o céu e o ambiente perfeito para todas as criaturas viverem e procriarem!
segunda-feira, 16 de novembro de 2009
O DELTA DO MÁGICO RIO MEKONG
Do topo do Tibet, o Mekong atravessa a província de Yunnan, na China, Mianmar, Tailândia, Laos, Camboja e Vietnam. A extrema variação do fluxo do rio nas estações do ano e a presença de repentinas quedas, cachoeiras (lindíssimas!), faz da navegação um grande desafio. Ainda bem, talvez por isso a região se mantenha tão distante do progresso devastador!
THAN PHOU KHAM CAVE
Vida cristalina; circunscrita. Na viagem pra dentro, por trás das águas, grandes cavernas. Escuras, obscuras, impenetráveis, aparentemente claras, aparentemente... É possível aniquilar percepções com coloração moral, para um tempo e lugar que dizemos nossos? Enquanto isso, nadar, nadar, adentrar cavernas, ir e voltar. É muito bom mergulhar em águas distintas, distantes. Parece até que a vida circunscrita conspira para que conheçamos o até então intocável!
O Laos, indescritível, indecifrável, apaixonante!
Toda viagem tem seu mapa; cada viagem faz seu mapa. Chegar sem saber onde, nem de onde; partir sem mais saber quem é. Cada viagem desnorteia o mapa, que parece carregávamos consolidado, apontando ao destino quem seríamos nós. Engodo..., o que apreendemos até então!
Verdades? Não mais são elas as conhecidas; todas se apresentam numa cerimônia que parece querer esgotar a razão que habitava a alma. Na performance mágica de cada canto, conto, esquina, as cortinas descendo deixam entrar um mundo novo, desconhecido, da raiz ao topo. Ainda bem!
Ser outro constantemente...raízes? Quais novas se fincam enquanto passamos a ver o tempo na nova perspectiva; ao escutar o vento a muitas distâncias da segurança de ser um só, de um único lugar! Ou parecidos, que sejam...
Mais que o sonho da passagem, o resto é só a mesma terra, o mesmo céu (obrigada F. Pessoa!). Pena que nos acostumamos a ignorar o tamanho do mundo!
O MAPA QUE CIRCUN-SCREVE!
terça-feira, 13 de outubro de 2009
GRÃOS, VIDA, EXISTÊNCA...
segunda-feira, 12 de outubro de 2009
THE "ALMS GIVEN": ESPÍRITO, MENTE E CORPO, NO LAOS
Aos primeiros raios do sol, The "Alms Given". Pelas 5 hs, os monges budistas percorrem as ruas como diz a tradição, recolhendo doações de alimentos para masi uma jornada de trabalhos, ao som e ritmo dos enormes tambores que despertam e celebram mais um dia, vagaroso, no ritmo da alma daquele povo tão especial.
O Laos não se esquece jamais!
CERTEZA DE QUE SABEMOS?
Palavras minhas, palavras de outros, sejam quais sejam, nunca serão mais do que um comentário, ou um retrato de algo vivido. Quando mergulhei numa extensa fase de leituras, cheguei a ler sobre lobos.
Tive curiosidade particular com um guará. Soube que dentre os ariscos e agressivos pode surgir aquele animal que foge à sua natureza, apresentando-se dócil, meigo.
O que eu entendia de um guará? Que era um animal em extinção? Que pertencia à família dos Canidae, da classe mammalia, cujo nome científico é Chrysocyon brachyurus e em inglês é conhecido como maned wolf? Nada, eu por mais que lesse, continuaria a não entender nada sobre ele. Nenhuma dessas informações me diria nada sobre aquela loba guará que um dia vi num sítio de um amigo, companheira de um caseiro seu. Encantei-me com ela.
Será que se eu ficasse o dia todo ali entenderia mais um pouco dela? Como se alimentava, como se protegia dos ventos, o quanto de água bebia, o quanto de sol gostava? E se eu me dispusesse a copiar seus traços num desenho, passaria a entender dela mais do que quando li sobre ela no livro? E se eu extraísse informações de suas células a partir de um microscópio?
A cada projeto de investigação me perguntava qual a minha compreensão sobre os lobos-guará, se não essa realidade que está além do que eu denomino e aquém do que é real? Admiti que assim, os lábios, a língua, os olhos e dedos juntam-se e falam para dentro, para a compreensão que admitimos como real, só para nós. Circun-Scrito.
Mas não me detive. Parti para fazer ainda uma analogia com uma árvore: folhas, raízes, galhos, milhares de anos de solo com plantas caídas, algumas flores apodrecidas, muitas lembranças. Qual a minha compreensão das árvores? Compreenderia de todo que as flores apodrecidas faziam tão parte dela como os galhos vivos? Dentro de mim seria também assim?
Concluía que se tomo a mim algo de sabedoria, nunca deveria tentar conduzir qualquer outro ser para um lugar onde residem meus pensamentos. Nunca para dentro de mim, entre galhos e folhas, mas poderia orientá-lo para a floresta, e deixá-lo entre as árvores, até que esse outro ser fosse perspicaz para descobri aquilo mesmo dentro de si, e si mesmo dentro daquela floresta, e árvores, galhos, e folhas.
Assim eu estava para a loba guará como ela estava para mim. Qual a minha compreensão para além dos pobres nomes que eu dava às coisas? Mais ainda, para a interpretação, as minhas falas, sobre sentimentos e coisas?
Sempre dentro, e desde de dentro, não há fora. Circun-Screve.
Campos de arroz, em Ubud, Bali. Ao fundo dessa vista, lá no local, mais precisamente de Kintamani, uma pequena cidade onde há um restaurante fantástico, com uma comida excelente, inesquecível! Sentados no terraço do restaurante, pode-se ver o vulcão Batur. Segundo os balineses, quando os vulcões soltam suas lavras, elas se trasformam em monstros e fugem para o mar. Na sua base fica o grande lago Batur. Os balineses não tomam banho no mar, temem os monstros e mais ainda, acham o mar muito grande!
Bali respira arte e religiosidade, sabores, arak, reverências, oferendas, Namastê! Diferente do resto da Indonésia muçulmana, em Bali a mistura de hinduísmo e budismo faz do balinês um povo único e muito especial; parece um lugar esculpido para ser o que é, por encomenda. Florestas tropicais, no seu interior, circunscrevem os arrozais, presença constante por lá. É um lugar místico, único, especial. Registro: quando eu me aposentar irei viver durante 06 meses em Ubud, com certeza! E aprtender um pouco mais sobre as histórias das apsaras, sobre o Barong, o grande e cativante mistura de animal e homem, mito da ilha. E saborear a deliciosa Bitang!
sábado, 10 de outubro de 2009
DAS HORAS CERTAS DE COLHEITA À IMORTALIDADE DA ALMA
Pois o lugar visível não é alcançado depois de se subir ao pico da mais alta montanha. Esse lugar não é separado ou distante de onde estão as sombras; pois separado e distante são características próprias dessa primeira maneira de compreender e viver. O outro lugar, está e não está em tudo ao mesmo tempo; está como possibilidade e não está enquanto sempre deve ser alcançado. Quando se deixa a casa nas sombras para morar junto ao Sol, quando empreende-se essa mudança, tornamo-nos felizes. Então felicidade relaciona-se com a totalidade da vida.
A mudança, que acontece de repente, deixando aquele que muda confuso, demanda certo tempo para tornar-se caráter; para que o que se vê seja um com o que se é, isto é, como se age.
Prisioneiros não são capazes de distinguir corretamente as sombras, se sempre foram prisioneiros. Se sempre tiveram a mesma morada, sempre contemplaram a mesma vista. Quando muda a morada e a vista, muda o hábito. Ao mesmo tempo. Lembranças da vida cotidiana na caverna, a famosa, de Platão.
Tal viajante que vem de cima causaria riso nos prisioneiros. E se tentasse ele libertar e elevar outros prisioneiros, esses quereriam, na medida de suas propriedades, matá-lo.
Não basta o cuidar; essa excelência divina em nenhum tempo perde sua propriedade, razão por que se deve cuidar das coisas certas. Os sábios possuem a propriedade de cuidar de males. Eles têm a vista voltada para baixo, somente para o que vem e vai. Não basta poder cuidar. É preciso que se olhe para a direção correta, que se cuide do que se deve cuidar: da vida enquanto totalidade. Em olhando para cima.
Já a visão do lugar acima é semelhante ao caminho para cima da alma. A esperança de Sócrates é a de que assim compreenderá quem escuta. Pois para ele, “sendo manifesto isso que se manifesta para mim, é a maneira de ser do bem que se encontra no fim do conhecimento”.
segunda-feira, 28 de setembro de 2009
BANGKOK MÚLTIPLA!
Bangkok guarda tesouros indescritíveis. Grandes palácios, museus, culinária saborosíssima, o Mercado Chatuchak. É um choque, imediato, chegar à Tailândia, sempre através de seu excepcional aeroporto, em Bangkok.
O rei e a rainha tailandeses são figuras reverenciadas; nas ruas, nos monumentos, nos tuc-tucs, nos táxis, nas parlas, em todo lugar você se depara com a foto dos dois, e idolatrados, ao menos por todas as pessoas que tivemos contato durante os 10 dias tailandeses.
O inusitado? O nome formal (eles dizem o nome cerimonial) da cidade, dado pelo Buda Yodfa Chulaloke, que foi rei local, e depois editado pelo Rei Mongkut, é: "Krung Thep Mahanakhon Amon Rattanakosin Mahinthara Yuthaya Mahadilok Phop Noppharat Ratchathani Burirom Udomratchaniwet Mahasathan Amon Phiman Awatan Sathit Sakkathattiya Witsanukam Prasit". Quem tentará pronunciar?
domingo, 27 de setembro de 2009
domingo, 20 de setembro de 2009
DIFICULDADES DE VOLTAR ÁS METRÓPOLES, DEPOIS DE TANTO SILÊNCIO INTERIOR
Vista de Kuala Lumpur
Kuala Lumpur é formada pela mistura de diferentes culturas. Diferente de toda a Malásia, onde o povo malaio compreende a maioria étnica, a maior parte dos habitantes de Kuala Lumpur são malaio-chineses. As outras principais culturas são representadas pelos malaio-indianos, euro-asiáticos, assim como os Kadazans, Ibans e outras raças indígenas do Leste da Malásia e da Península da Malásia.
Os malaios falam o idioma nacional - o Bahasa Melayu - e também são capazes de conversam em inglês; alguns falam até mesmo mandarim e tâmil. Os malaios formam a parte principal dos membros do Parlamento e dominam o cenário político da Malásia.
No final do século XVIII, quando a Europa experimentava a Revolução Industrial, grandes grupos de chineses de Fujian e Guangdong, na China, foram levados para a península para trabalhar na expansão da indústria de mineração de estanho. Os chineses de Kuala Lumpur falam diferentes dialetos, mas a maioria é de descendência cantonesa,seguidos pelos Hokkiens e Hacás. De modo semelhante, através do sistema de educação proporcionado pelo governo, muitos chineses em Kuala Lumpur são capazes de conversar em inglês, Bahasa Malaysia, mandarim e reconhecer as diferenças entre os dialetos locais.
Indianos formavam 10% da população de Kuala Lumpur em 2000. Historicamente, a maioria dos indianos foram trazidos durante a colonização britânica da Malásia. A maior parte deles pratica o Hinduísmo e falam tâmil ou hindi e inglês. Grande parte de seus costumes e tradições são estreitamente atados à sua religião. Durante festivais hindus tais como o Deepavali, indianos costumam executar ritos coloridos e visitar templos.
O malaio é o idioma oficial, mas o inglês é largamente falado na cidade, especialmente para os negócios e é uma matéria requerida em todas as escolas. Dialetos chinês (Cantonês, Mandarim, Hacá, Hokkien, Hainan) e alguns idiomas indianos e paquistaneses (Tâmil, Telugu, Malayalam, Punjabi, Pashtu) assim como as línguas dos trabalhadores imigrantes (Indonésio, Nepalês, Vietnamita, etc.) também são faladas na cidade.]
A cidade tem muitos lugares de adoração para as multi-religiões da população. O Islamismo é praticado primariamente pelos malaios e pelas comunidades indianas muçulmanas. Há outras religiões como Budismo Maaiana, Confucionismo e Taoísmo (principalmente entre os chineses), Hinduísmo (entre os indianos) e Cristianismo.
Devido ao rápido desenvolvimento na Malásia e em Kuala Lumpur que requer uma grande mão-de-obra, trabalhadores estrangeiros da Indonésia, Nepal, Mianmar, Tailândia, Bangladesh, Vietnã e China foram trazidos para o país.
quarta-feira, 16 de setembro de 2009
VIDA, COMPASSO, RITMO
O contato humano é processo rítmico, energético, carrega tensões ou fluidez. Emoções têm ritmo, compasso, velocidade; sentimos o outro, o outro nos sente: é a estrutura da vida, num fluxo rítmico-energético entre seres, que ao final estão á procura de identidade.
Se baseamos preceitos de vida na dúvida, ou invalidação ou reação, e não na crença, confiança e ação própria (e não reação como efeito externo a fatos ou outros), estamos num compasso que privilegia a retenção, os bloqueios, os traumas, na contramão da harmonia, do compasso, da melodia, que caracterizam a fluidez.
O coração é o pêndulo universal dos ritmos. O seu movimento é como um aferidor das vibrações, com base nas quais decidimos viver: oitavas acima, ou abaixo, e com essa escolha graduamos os sentimentos e as impressões do mundo, harmonizando-nos ou opondo-nos aos desafios que se apresentam.
Sem ritmo não há música; sem harmonia, mestre da arte musicada, não há melodia, a primeira expressão de capacidades musicais. Consonante ou dissonante, os sons se interpõem no mundo da música; o primeiro como aquele agradável aos nossos ouvidos; o segundo trazendo aos sentidos a idéia de desarmonia, parecendo desagradável, mas sabiamente exigindo um outro som logo em seguida, uma resolução em uma consonância, que cai muito bem aos ouvidos.
A representação dos sentimentos traduz-se no comportamento humano, se efetua de acordo com as repercussões de valor que cada um dá às vibrações e ao ritmo, em última instância, do seu coração. E quando o sentimento fala, a comunicação não se fragmenta em pedaços, sem significado. Pelo contrário, o ouvinte é movido por uma impressão de conjunto. Tão verdadeiro é quanto o sentimento que mesmo uma única frase, enunciada em desconhecido idioma, pode nos penetrar.
domingo, 30 de agosto de 2009
CIRCUN-SCREVE
Foto tirada do Lotus Coffee, no centro de Ubud, na Floresta dos Macacos. Flores de Lótus em abundância!
IDENTIDADE NO ESSENCIAL, E DOIS LADOS
“Do fundo da terra, a Obscuridade rugerreluz.
É isso também a vida. Por baixo.
Estranhos veios de ouro atravessando rochas ainda mais estranhas, fósseis
Faces murchas
Lágrimaspetreaspassadas estão buscando a superfície das coisascoisas
Alguém vive, alguém escreve
Esse é o ponto de partida,o ponto de chegada.
Algo está se movendo, então, Est?á Se,
Quem? E o que é, esse algo?
A vida.
E, nela, alguém, que escreve.
E o que escreve, o Livro, é a Ponte, entre a vida-lá
E o vivendo a vida aqui, em mim: alguém, que escreve.
O Livro é a vida? Não, o Livro não é a vida. É a outra vida".
Vang Vieng, Laos, meio de caminho entre Luang Prabang e Vientianne
No ainda terceiro solo da Indochina, emoções de vida inteira, dividida, e escrita.
AS COISAS MAIS BONITAS DE BALI NÃO ESTÃO À VENDA, COMO AS COISAS DE DENTRO DA ALMA
Templo de Besakih
quinta-feira, 27 de agosto de 2009
A MANUTENÇÃO DA VIDA
Vang Vieng. Uma vista do rio Nan Song, exatamente do ângulo que víamos da varanda do restaurante dos bangalôs onde nos hospedamos, e onde ao cair da tarde saboreávamos a deliciosa Beer Lao. Não dá para imaginar que neste local, nas margens contínuas do rio, os americanos tenham feito sua base aérea durante a segunda guerra (minúscula proposital)! Não dá para imaginar que a vida tenha se exaurido na mão e das mãos de tantos!
quarta-feira, 19 de agosto de 2009
TEMPLO DE QUANG DONG, EM HOI AN, VIETNÃ
Esse é um dos templos mais famosos do Vietnã. Fica na antiga cidade de Hôi An, às margens do Rio Thu Bon. É talvez a cidade mais charmosa do Vietnã. Circundada de campos de arroz que chegam até o mar do Sul da China, Hôi An é uma teia de pequenas e peculiares ruas, com muitos casarões antigos de paredes coloridas e gastas, geralmente nas cores do barro ao vermelho, pequenas pontes bucólicas e muitas casas e templos chineses.
E a comida..., nem se fala! A Cidade abrigou o maior porto comercial do Sudeste Asiático, do século XV a XIX. É também a cidade dos famosos alfaiates, onde se pode escolher o que quiser, de vestidos de noiva a grandes casacos pesados para frio (apesar do calor de lá!)e em pouquíssimo tempo temos a nossa encomenda na mão! Eu tive uma calça comprida e duas bermudas feitas em uma hora! É o mundo mágico da seda asiática!
E foi aqui nesse templo que a tal equipe da Renault, que depois influenciou a ação reprovável de Nelsinho Piquet, esteve, ainda num momento hábil pedindo a proteção de Lord Ganesha na Fórmula I !
SERÁ QUE QUANDO GANHAMOS A INTELIGÊNCIA PERDEMOS O ESPÍRITO?
Em Setembro de 2008, no Vietnã...
No templo Quang Dong, em Hoi An (uma antiga cidade que fica a 600 km de Saygon – hoje Ho Chi Min - a 1100 km de Hanói). Um incenso típico da região, em forma de espiral. Os monges budistas dizem que se queremos alcançar alguma graça especial, devemos escrever o pedido num papel e pendurá-lo nesse incenso, que arde durante toda uma semana, levando aos deuses nosso desejo e trazendo as bênçãos para o seu alcance. Eu fiz o meu! E quando fui pendurá-lo, qual a minha surpresa! Ao lado um apelo da equipe da Renault! Então compreendi..., antes de apelar para as falcatruas, a equipe da Renault apelou ao Lord Ganesha, Shiva... Antes de perder o espírito...!
terça-feira, 18 de agosto de 2009
HÔI AN, UMA CIDADE QUE CADA UM DE NÓS TRAZ DENTRO DE SI
Ah quem dera passear pelo passado; acho que todos temos essa vontade nostálgica. Quando cheguei a Hôi An precisei ser despertada; ou me achava num cenário de filme onde era eu a protagonista ou aquilo era real. E é. Numa cidade iluminada por lanternas coloridas de papel de arroz nos sentimos futuristas, mais do que meros turistas a visitar um momento tão alheio à nossa realidade! Hôi An fica como um sonho, como o local onde os chineses que a sitiaram enterravam os umbigos de seus filhos nos jardins de casa. Mantendo a alma deles ali enterrada, eles acreditavam que criavam um forte laço, para que, embora eles saissem pelo mundo, sempre retornassem alo lar.
FALEI DO ALIMENTO? NAS MINHAS MÃOS..
Parênteses. Neles não cabem histórias de amor, ou talvez neles é que caibam. Como histórias de conflitos de almas, de diferenças de percepções, de desejos de fusão de elementos em temperaturas que não se combinam.
segunda-feira, 17 de agosto de 2009
Dançarinas, chamadas "Apsaras". Parte da cultura/religião hinduísta da Indonésia, com concentração geográfica na ilha de Bali. As Apsaras também estão presentes no Cambodia e em parte do Vietnã. São mulheres jovens de grande beleza e elegância, proficientes na arte da dança. Na Indonésia elas representam esposas de Gandharvas, que no hinduismo são espíritos de homens com parte animal, usualmente pássaro ou cavalo. Esses seres têm grandes habilidades musicais; eles compõem músicas para os deuses e as Apsaras dançam, nos palácios, essas composições. Eles representam os servos de Indra, considerado o rei dos deuses no hinduísmo, também conhecido como Deva ( ou deus Deity, que em sãnscrito quer dizer ser supernatural e imortal, sagrado). As Apsaras podem ser comparadas às "ninfas" da antiga cultura grega.
De "CARTAS A UM JOVEM POETA", adaptado..
"Parece-me que todas as nossas tristezas são momentos de tensão que consideramos paralisias porque já não compreendemos nossos sentimentos que se tornaram estranhos; porque estamos a sós com o estrangeiro que nos veio visitar; porque num relance, todo o sentimento familiar e habitual nos abandonou; porque nos encontramos no meio de uma transição onde não podemos permanecer.
Eis porque a tristeza também passa: a novidade em nós, o acréscimo, entrou em nosso coração, penetrou no seu mais íntimo recanto. Nem está mais lá, já passou para o sangue. Não sabemos o que houve. Facilmente nos poderiam fazer crer que nada aconteceu; no entanto ficamos transformados, como se transforma uma casa em que entra um hóspede. Não podemos dizer quem veio, talvez nunca o venhamos a saber, mas muitos sinais fazem crer que é o futuro que entra em nós dessa maneira, para se transformar em nós mesmos, muito antes de vir a acontecer.
O momento aparentemente imóvel em que o futuro entra em nós, está muito mais próximo da vida do que aquele outro, sonoro e acidental, em que ele nos sobrevém como se chegasse de fora. Quanto mais estivermos pacientes e entregues, tanto mais profunda e imperturbável entra a novidade em nós, tanto melhor a conquistamos, tanto mais ela se tornará nosso destino. E quando, num dia ulterior, isso vier a acontecer, isto é, quando sair de nós para chegar aos outros, senti-l-emos familiar e próxima. Deve ser assim, é preciso - e a evolução de cada um de nós, aos poucos, há de processar-se nesse sentido - que nada de estranho nos possa advir, senão o que nos pertence há muito tempo.
No fundo, só uma coragem nos é exigida: a de sermos corajosos em face do estranho, do maravilhoso e do inexplicável que se nos pode defrontar. Por se terem os homens se mostrado covardes nesse sentido, foi a vida prejudicada imensamente. A ânsia em face do “inesclarecível ‘ não empobreceu apenas a existência do indivíduo, como também as relações entre os homens, que foram retiradas do leito de possibilidades, para ficarem a ermo em algum lugar na praia.
Não é apenas a preguiça de mudar que faz as relações humanas se repetirem numa indizível monotonia; é também o medo de algum acontecimento novo, incalculável, frente ao qual não nos sentimos bastante fortes. Somente quem não exclui nada, nem mesmo o mais enigmático , poderá viver sua relação consigo e com outrem como algo de vivo, e ir até o fundo de sua própria existência.
Havendo no mundo espantos, são os nossos; abismos, eles nos pertencem; perigos, devemos procurar amá-los. Se conseguirmos organizar a nossa vida segundo o princípio que aconselha agarrarmo-nos sempre ao difícil, o que nos parece muito estranho agora há de tornar-se o nosso bem mais familiar, mais fiel. Como esquecer os mitos antigos que se encontram no começo de cada povo: os dos dragões que num momento supremo se transformam em princesas? Talvez todos os dragões de nossa vida sejam princesas que agrardam apenas o momento de nos ver um dia belos e corajosos. Talvez o medo e o horror, em última análise, não passe de um desamparo que implora o nosso próprio auxílio.
A vida não esquece a nós. Por que desejamos excluir de nossas vidas toda e qualquer inquietação, dor e melancolia, quando não se sabe como tais circunstâncias trabalham no nosso aperfeiçoamento? Para que perserguir-se a si mesmo com a pergunta: de será que tudo vem, para onde deve ir? Já não sabemos estar em transição? Desejávamos algo melhor do que transformamo-nos? Se algum de nossos atos for doentio, lembremos que a doença é o meio que o organismo se serve para se libertar de um corpo estranho; é só ajudá-lo a ficar doente, ter toda a sua doença, e deixar a esta o seu curso. Em si, acontece tanta coisa, que se deve ter a paciência de um doente e a confiança de um convalescente, pois talvez sejamos um e outro.
Não nos observemos demais, não tiremos conclusões em demasia do que nos acontece, deixemos os sentimento virem, as coisas acontecerem, senão chegaremos facilmente a encarar com censuras o nosso passado, que naturalmente é responsável em parte do que nos ocorre agora. O "grandioso" não foi aquilo que pensamos ter cumprido, mas o fato de ter existido algo que tivemos a coragem de colocar em lugar daquele engano, algo real, algo verdadeiro. Essa é a transição: abandonarmos os grandes para chegarmos aos maiores. Eis porque não cessa de ser difícil, mas tão pouco cessará de crescer".
sexta-feira, 7 de agosto de 2009
I HOPE YOU KNOW LABOUR OF THE WORLD