quinta-feira, 18 de março de 2010


Foto: Siem Riep, Camboja, Templo de Angkor Wat

CAMBODIA...ONDE ESTAVA ESSE PAÍS ENQUANTO EU FUI CAPAZ DE EXISTIR SEM ELE!NORTE DO CAMBOJA, SIEM REAP, COMPLEXO DE ANGKOR WAT



O conhecimento é o mais potente dos afetos: somente ele é capaz de induzir o ser humano a modificar sua realidade. Foi assim que Nietzsche resumiu o poder que o ato de conhecer tem sobre a vida de um indivíduo. Conhecer nossos afetos, conhecer o intuitivo das relações que criamos com o que nos cerca, homens, animais, vegetais, minerais, mundo denso, mundo sutil metafísico. O conhecimento nos torna demasiadamente humanos, somos, vemos, conhecemos, tornamo-nos incapazes de ter o mundo somente apresentado a nós!

INDONÉSIA, NO SEU ARQUIPÉLAGO, A ILHA QUE SE MANTEVE HINDUÍSTA: BALI


BESAKIH, maior complexo de templos de Bali, na base do Mount Agung, o maior vulcão da região. Deslumbrante, fartura de emoções ao conhecer!

Conhecido como The Mother Temple, ou Pura Besakih, é o mais importante templo de Agama Hindu Dharma, nome formal do hinduísmo na Indonésia. 93% da população de Bali seguem o Hinduísmo. Parte da população de Sumatra, Java, Tenggerese, Lombok e Kalimatan também é adepta do hinduísmo, e isso significa 3% da população da Indonésia! Sua maioria é muçulmana.

Quem chega em Bali não duvida que a crença esteja presente 24 horas na vida dos balineses. Oferendas em todos os lugares, dentro dos automóceis, nas bicicletas e motos, nas ruas, casas, bares, banheiros, e nas mãos da população, em seu percurso rotineiro levando oferendas aos mais diversos templos, os formais, os improvisados, os existentes na maioria das casas de Ubud.

Tudo é feito reverenciando Brahma, o criador, Vishnu, o preservador e Shiva o destruidor. Os rituais são permanentes, tanto que quando eu retornava à noite pela estrada que corta campos de arroz para chegar ao hotel onde eu me hospedava, na completa escuridão e silêncio, sem uma luz sequer, o fazia enxergando a todo momento "fantasmas", que nada mais eram do que as imagens dos deuses em pequenos templos caseiros, cobertas com mantos cerimoniais, que balançavam ao vento.

“Vale mais a pena ver uma coisa
Sempre pela primeira vez que conhecê-la,
Porque conhecer é como nunca ter visto pela primeira vez,
E nunca ter visto pela primeira vez
É só ter ouvido contar”
(Fernando Pessoa em Ficções do Interlúdio, Poemas Completos de Alberto Caieiro

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

CIRCUN-SCREVE

POR QUÊ DAR O NOME "CIRCUNSCREVE"? A idéia inspiradora é a de que em "círculo, circular", não há fora, "Circun-Screve". Abarca. Estou sempre dentro. Eloquentemente "ser" significa estar sempre dentro, desde dentro, de um modo de ser. Desde onde as coisas são vistas elas estão dentro. Vida, existência, viagem da experiência, para a experiência. A partir daí, todas as verdades são relativas...

A vida não se movimenta seguindo um script que definimos. Podemos dizê-la, escrevê-la, de nada vale. Também não se movimenta conforme pensamos que deveria se movimentar, muito menos ainda conforme tentamos fazer que se movimente.

A maioria de nós sente grande desconforto, e por vezes raiva, quando os planos, nos quais investimos energia, tempo, dinheiro, falham. No estado de graça sempre confiamos em nós, e por vezes isso encobre as possibilidades de fracassos. Como não podemos ver o que estamos construindo, que certeza temos de que estamos no caminho correto?

Não existem mapas que possam inserir caminhos que ainda vamos descobrir. Se não podemos ver onde podemos ir, podemos decidir onde não ir, à medida que esse caminho é conhecido. E essa negação é um novo início. Todo mapa de caminho errado é um mapa antigo, portanto, também não valem as alternativas de projeção de histórias já vividas. O outro caminho não pode ser colocado em mapa nenhum.


"Meus olhos já tocam o monte ensolarado,
indo muito á frente da estrada que tomei.
Assim somos compreendidos
pelo que não podemos compreender.
E que tem sua luz interior, mesmo à distância -
E nos modifica, mesmo que não alcancemos,
em alguma outra coisa, que sem sentir já somos.."
Rainer M. Rilke


O SAGRADO CIRCUNSCRITO...DO OUTRO LADO DO MUNDO

Cerimônia diária - Bali - Indonésia

...PARA VIVER O PROCRIAR, BALI



Um ano a mais percorrido. Fui eu que passei pelo tempo ou ele que passou por mim? E lá se vai mais uma década. Como terá sido a anterior a que se acabou? Nem sei mais, mas com certeza dela foi feita toda a paisagem que percorri até agora. Será que sou capaz de mudar as paisagens? Ou de escolher novos caminhos? Talvez, e para tal me disponho a fazer crescer minha idéia sobre harmonia. Talvez sobre o que é alegria. Mais um pouco sobre compreender cada vez mais que a vida tem suas próprias regras, e elas não são as nossas. Diante disso me parece que me indispus mais do que devia, ou poderia. E vivi menos alegrias do que deveria, e podia...emboira não saiba o quanto de verdade há nisso...

Fecho a década com a certeza de que antes dela eu não tinha a mínima idéia sobre como se vive nesse planeta. Fui ao seu outro lado, e descobri também verdades, embora muito diferentes das minhas, das nossas ocidentais. Tive a oportunidade de ampliar meu conceito sobre os homens, sua maneira de enxergar e viver a vida, seu critério de valorização. Passei a perceber que o mundo se torna outro quando se perdeu muito, quando se viveu tempos de guerra, quando não se pode fazer escolhas sobre a própria vida!

Aprendi a passear pelo mundo longe dos hotéis 5 estrelas que deturpam a visão local, e bloqueiam a possibilidade de nos depararmos com a verdadeira cultura. Aprendi a nutrir a minha alma com o contato o mais próximo possível de como a vida é vivida, apreciada, esculpida pela comunidade local. Encantei-me com a minha capacidade, sobre a qual ainda procuro palavras que exprimam tudo aquilo que me nutriu e que com certeza, me transformou num outro ser, mais conectado, flexível, enriquecido com às vezes o som, às vezes o silêncio, desse mundo reverenciado como sagrado, antes tão distante de mim.

Que na década que entra eu possa revisitar a terra onde Brahma criou o paraíso, o céu e o ambiente perfeito para todas as criaturas viverem e procriarem!

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

O DELTA DO MÁGICO RIO MEKONG

THE FANTASTIC MEKONG RIVER - PHNOM PENH - CAMBODIA

Do topo do Tibet, o Mekong atravessa a província de Yunnan, na China, Mianmar, Tailândia, Laos, Camboja e Vietnam. A extrema variação do fluxo do rio nas estações do ano e a presença de repentinas quedas, cachoeiras (lindíssimas!), faz da navegação um grande desafio. Ainda bem, talvez por isso a região se mantenha tão distante do progresso devastador!

EU FICO COM A PUREZA DA RESPOSTA DAS CRIANÇAS...





BELEZA CAMBODIANA. PRECISA-SE DE SUPORTE PARA NÃO SUCUMBIR

http://www.cambodianchildrensfund.org/

THAN PHOU KHAM CAVE

Vida cristalina; circunscrita. Na viagem pra dentro, por trás das águas, grandes cavernas. Escuras, obscuras, impenetráveis, aparentemente claras, aparentemente... É possível aniquilar percepções com coloração moral, para um tempo e lugar que dizemos nossos? Enquanto isso, nadar, nadar, adentrar cavernas, ir e voltar. É muito bom mergulhar em águas distintas, distantes. Parece até que a vida circunscrita conspira para que conheçamos o até então intocável!
O Laos, indescritível, indecifrável, apaixonante!

THAM PHOU KHAM CAVE, EM VANG VIENG, LAOS


Toda viagem tem seu mapa; cada viagem faz seu mapa. Chegar sem saber onde, nem de onde; partir sem mais saber quem é. Cada viagem desnorteia o mapa, que parece carregávamos consolidado, apontando ao destino quem seríamos nós. Engodo..., o que apreendemos até então!

Verdades? Não mais são elas as conhecidas; todas se apresentam numa cerimônia que parece querer esgotar a razão que habitava a alma. Na performance mágica de cada canto, conto, esquina, as cortinas descendo deixam entrar um mundo novo, desconhecido, da raiz ao topo. Ainda bem!

Ser outro constantemente...raízes? Quais novas se fincam enquanto passamos a ver o tempo na nova perspectiva; ao escutar o vento a muitas distâncias da segurança de ser um só, de um único lugar! Ou parecidos, que sejam...

Mais que o sonho da passagem, o resto é só a mesma terra, o mesmo céu (obrigada F. Pessoa!). Pena que nos acostumamos a ignorar o tamanho do mundo!

O MAPA QUE CIRCUN-SCREVE!

VIAJAR! PERDER PAÍSES
Viajar! Perder países!
Ser outro constantemente
Por a alma não ter raízes
De viver, de ver somente!
Não pertencer nem a mim!
Ir em frente, ir a seguir
A ausência de ter um fim.
E a ânsia de o conseguir!
Viajar assim é viagem.
Mas faço-o sem ter de meu
Mais que o sonho da passagem.
O resto é só terra e céu
xxxxxxxxxxxxxFernando Pessoa

terça-feira, 13 de outubro de 2009

GRÃOS, VIDA, EXISTÊNCA...

Círculo, circular, não há fora, "circun-screve". Abarca. Estou sempre dentro. Eloquentemente "ser" significa estar sempre dentro, desde dentro, de um modo de ser. Desde onde as coisas são vistas elas estão dentro. Vida, existência, viagem da e para a experiência.

"Um filósofo: é um homem que continuamente vê, vive, ouve, suspeita, espera e sonha coisas extraordinárias; que é colhido por seus próprios pensamentos, como se eles viessem de fora, de cima e de baixo, constituindo a sua espécie de acontecimentos e coriscos; que é talvez ele próprio um temporal, caminhando prenhe de novos raios. Um homem fatal, em torno do qual há sempre murmúrio, bramido, rompimento, inquietude. Um filósofo: oh, um ser que tantas vezes foge de si, que muitas vezes tem medo de si - mas é sempre curioso demais para não voltar a si..."
Nietzsche, em Além do Bem e do Mal


segunda-feira, 12 de outubro de 2009

THE "ALMS GIVEN": ESPÍRITO, MENTE E CORPO, NO LAOS

Levei minha alma ao Laos. Ela precisava reciclar poeiras e paisagens. Reciclei a alma, o corpo, a mente e tudo o que eu entendia como minha verdade. Dos primeiros aos últimos raios de sol, o murmurar contínuo do grande rio que atravessa o país. Rio dito pobre para exploradores (com certeza o Laos seria outro se ele fosse navegável a grande embarcações...), ainda bem que assim o é. E sem ninguém para explorar minha a alma, a tive nas mãos, serena, discreta, acumulando o Sagrado que impregna esse pequeno País e o som do seu silêncio supremo.

Aos primeiros raios do sol, The "Alms Given". Pelas 5 hs, os monges budistas percorrem as ruas como diz a tradição, recolhendo doações de alimentos para masi uma jornada de trabalhos, ao som e ritmo dos enormes tambores que despertam e celebram mais um dia, vagaroso, no ritmo da alma daquele povo tão especial.

O Laos não se esquece jamais!

O Laos era chamado de Lan Xang, a Terra de Milhões de Elefantes, ainda quando era o reino que precedeu a República Democrática Popular do Laos. Era o Reino Nanzhao. E ainda existem muitos elefantes por lá, de certo ameaçados, depois que o país abriu suas portas na década de 1990..

No Laos você se percebe, e se assusta com a sua capacidade esquecida de ouvir o silêncio e reconhecer no seu corpo o ritmo menos veloz. Se não o fizer, destoará do conjunto tão harmonioso e singular que lá se encontra. E dificilmente conseguirá apreender o Laos, entrar em sintonia com aquela vida tão peculiar. O ambiente guarda um cenário quase intocado pelos que vêm de fora, que ainda são poucos curiosos, como eu.
A começar pelos valores..., monetário. Notas de 20 mil, 50 mil e 100 mil. É o kip, a moeda do Laos, que vale quase nada nas nossas referências monetárias estabelecidas e consumidas pelo grande sistema ocidental! Paradoxalmente, o tamanho das notas é algo surpeendentemente grande! Diante de uma realidade tão diferente, chega-se a inferir como é possível conciliar dois mundos tão distantes!

A história do Laos é rica, dentre idas e vindas de povos, tendo passado pelo domínio Khmer cambojano também. Nos meados dos anos 1500 pertenceu à Birmânia (hoje Mianmar), depois foi parte do Reino Sião, hoje Tailândia. Na II guerra foi invadido pelos japoneses e ao final desta, os franceses retomam o Laos, que já havia sido, no século XIX, incorporado à Indochina francesa.

Em 1949 ocorre a independência do Laos. E o legado da cultura francesa se vê presente, para muito gosto dos poucos ocidentais que passam por lá, onde podem encontrar até baguetes, ausentes na Indochina, senão no Laos e em Hanói. E Luang Prabang guarda uma adega de colocar inveja a muitos!

Luang Prabang tem 22 mil habitantes. Luang Prabang não é a capital; esta se chama Vientiane, e fica a uns 150 km, ao sul. Dentre os 22 mil, me apaixonei por esses sorrisos, que residem do lado desabitado do Rio Mekong, onde antes foi o centro da cidade, destruído em algumas das suas ocupações violentas. Ainda assim Luang Prabang conserva 34, dos seus 66 tempos originais. E é difícil imaginar a guerra, em meio a tanta pacificidade no ar, na água, no povo, nas ruas!
Olá meninos, vocês nem sabem que estão também por aqui! Muito boa sorte para vocês! E uma vida plena!

CERTEZA DE QUE SABEMOS?



Palavras minhas, palavras de outros, sejam quais sejam, nunca serão mais do que um comentário, ou um retrato de algo vivido. Quando mergulhei numa extensa fase de leituras, cheguei a ler sobre lobos.

Tive curiosidade particular com um guará. Soube que dentre os ariscos e agressivos pode surgir aquele animal que foge à sua natureza, apresentando-se dócil, meigo.

O que eu entendia de um guará? Que era um animal em extinção? Que pertencia à família dos Canidae, da classe mammalia, cujo nome científico é Chrysocyon brachyurus e em inglês é conhecido como maned wolf? Nada, eu por mais que lesse, continuaria a não entender nada sobre ele. Nenhuma dessas informações me diria nada sobre aquela loba guará que um dia vi num sítio de um amigo, companheira de um caseiro seu. Encantei-me com ela.

Será que se eu ficasse o dia todo ali entenderia mais um pouco dela? Como se alimentava, como se protegia dos ventos, o quanto de água bebia, o quanto de sol gostava? E se eu me dispusesse a copiar seus traços num desenho, passaria a entender dela mais do que quando li sobre ela no livro? E se eu extraísse informações de suas células a partir de um microscópio?

A cada projeto de investigação me perguntava qual a minha compreensão sobre os lobos-guará, se não essa realidade que está além do que eu denomino e aquém do que é real? Admiti que assim, os lábios, a língua, os olhos e dedos juntam-se e falam para dentro, para a compreensão que admitimos como real, só para nós. Circun-Scrito.

Mas não me detive. Parti para fazer ainda uma analogia com uma árvore: folhas, raízes, galhos, milhares de anos de solo com plantas caídas, algumas flores apodrecidas, muitas lembranças. Qual a minha compreensão das árvores? Compreenderia de todo que as flores apodrecidas faziam tão parte dela como os galhos vivos? Dentro de mim seria também assim?

Concluía que se tomo a mim algo de sabedoria, nunca deveria tentar conduzir qualquer outro ser para um lugar onde residem meus pensamentos. Nunca para dentro de mim, entre galhos e folhas, mas poderia orientá-lo para a floresta, e deixá-lo entre as árvores, até que esse outro ser fosse perspicaz para descobri aquilo mesmo dentro de si, e si mesmo dentro daquela floresta, e árvores, galhos, e folhas.

Assim eu estava para a loba guará como ela estava para mim. Qual a minha compreensão para além dos pobres nomes que eu dava às coisas? Mais ainda, para a interpretação, as minhas falas, sobre sentimentos e coisas?

Sempre dentro, e desde de dentro, não há fora. Circun-Screve.




Campos de arroz, em Ubud, Bali. Ao fundo dessa vista, lá no local, mais precisamente de Kintamani, uma pequena cidade onde há um restaurante fantástico, com uma comida excelente, inesquecível! Sentados no terraço do restaurante, pode-se ver o vulcão Batur. Segundo os balineses, quando os vulcões soltam suas lavras, elas se trasformam em monstros e fugem para o mar. Na sua base fica o grande lago Batur. Os balineses não tomam banho no mar, temem os monstros e mais ainda, acham o mar muito grande!


Bali respira arte e religiosidade, sabores, arak, reverências, oferendas, Namastê! Diferente do resto da Indonésia muçulmana, em Bali a mistura de hinduísmo e budismo faz do balinês um povo único e muito especial; parece um lugar esculpido para ser o que é, por encomenda. Florestas tropicais, no seu interior, circunscrevem os arrozais, presença constante por lá. É um lugar místico, único, especial. Registro: quando eu me aposentar irei viver durante 06 meses em Ubud, com certeza! E aprtender um pouco mais sobre as histórias das apsaras, sobre o Barong, o grande e cativante mistura de animal e homem, mito da ilha. E saborear a deliciosa Bitang!

sábado, 10 de outubro de 2009

DAS HORAS CERTAS DE COLHEITA À IMORTALIDADE DA ALMA


"O fim que é princípio fala de um caminho que sempre se dá, um caminho circular. Caminho que tem como causa o Sol; genitor das horas certas de colheita, do percurso circular que caracteriza um ano e dos momentos favoráveis. Se antes vivia-se em acordo com sombras, neste outro lugar vive-se em acordo com momentos propícios de tempos em tempos.

Pois o lugar visível não é alcançado depois de se subir ao pico da mais alta montanha. Esse lugar não é separado ou distante de onde estão as sombras; pois separado e distante são características próprias dessa primeira maneira de compreender e viver. O outro lugar, está e não está em tudo ao mesmo tempo; está como possibilidade e não está enquanto sempre deve ser alcançado. Quando se deixa a casa nas sombras para morar junto ao Sol, quando empreende-se essa mudança, tornamo-nos felizes. Então felicidade relaciona-se com a totalidade da vida.

A mudança, que acontece de repente, deixando aquele que muda confuso, demanda certo tempo para tornar-se caráter; para que o que se vê seja um com o que se é, isto é, como se age.

Prisioneiros não são capazes de distinguir corretamente as sombras, se sempre foram prisioneiros. Se sempre tiveram a mesma morada, sempre contemplaram a mesma vista. Quando muda a morada e a vista, muda o hábito. Ao mesmo tempo. Lembranças da vida cotidiana na caverna, a famosa, de Platão.

Tal viajante que vem de cima causaria riso nos prisioneiros. E se tentasse ele libertar e elevar outros prisioneiros, esses quereriam, na medida de suas propriedades, matá-lo.
Se o Mito de Er falar realmente da totalidade da vida, do fim da vida, a narrativa da caverna diz-nos sobre a totalidade do conhecimento, do fim dele. E vida e pensamento não serão dois: a totalidade estará sempre ligada ao bem. É preciso bem agir, e é a visão dessa forma que torna boa a ação do homem. É preciso vê-la para que se aja cuidadosamente, aquil lá, acolá, longe de espectadores, perto deles, na casa, nos lugares públicos.

Não basta o cuidar; essa excelência divina em nenhum tempo perde sua propriedade, razão por que se deve cuidar das coisas certas. Os sábios possuem a propriedade de cuidar de males. Eles têm a vista voltada para baixo, somente para o que vem e vai. Não basta poder cuidar. É preciso que se olhe para a direção correta, que se cuide do que se deve cuidar: da vida enquanto totalidade. Em olhando para cima.

Já a visão do lugar acima é semelhante ao caminho para cima da alma. A esperança de Sócrates é a de que assim compreenderá quem escuta. Pois para ele, “sendo manifesto isso que se manifesta para mim, é a maneira de ser do bem que se encontra no fim do conhecimento”.
Adaptação de texto de "Da relação entre imortalidade da alma, eternidade e vida",
de Lethicia Ouro, em tese de mestrado.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

BANGKOK MÚLTIPLA!

Bangkok guarda tesouros indescritíveis. Grandes palácios, museus, culinária saborosíssima, o Mercado Chatuchak. É um choque, imediato, chegar à Tailândia, sempre através de seu excepcional aeroporto, em Bangkok.

O rei e a rainha tailandeses são figuras reverenciadas; nas ruas, nos monumentos, nos tuc-tucs, nos táxis, nas parlas, em todo lugar você se depara com a foto dos dois, e idolatrados, ao menos por todas as pessoas que tivemos contato durante os 10 dias tailandeses.

O inusitado? O nome formal (eles dizem o nome cerimonial) da cidade, dado pelo Buda Yodfa Chulaloke, que foi rei local, e depois editado pelo Rei Mongkut, é: "Krung Thep Mahanakhon Amon Rattanakosin Mahinthara Yuthaya Mahadilok Phop Noppharat Ratchathani Burirom Udomratchaniwet Mahasathan Amon Phiman Awatan Sathit Sakkathattiya Witsanukam Prasit". Quem tentará pronunciar?

domingo, 27 de setembro de 2009

ALGUMAS FOTOS DE BANGKOK







Na ordem: 1.Wat Pho (Wat=templo) 2.Mapa dos pontos histórico-culturais 3.Floating market
4. Street food in bangkok.

domingo, 20 de setembro de 2009

DIFICULDADES DE VOLTAR ÁS METRÓPOLES, DEPOIS DE TANTO SILÊNCIO INTERIOR

Petronas Twin Towers, o principal símbolo de Kuala Lumpur, capital da Malásia
Vista de Kuala Lumpur

Kuala Lumpur é formada pela mistura de diferentes culturas. Diferente de toda a Malásia, onde o povo malaio compreende a maioria étnica, a maior parte dos habitantes de Kuala Lumpur são malaio-chineses. As outras principais culturas são representadas pelos malaio-indianos, euro-asiáticos, assim como os Kadazans, Ibans e outras raças indígenas do Leste da Malásia e da Península da Malásia.

Os malaios falam o idioma nacional - o Bahasa Melayu - e também são capazes de conversam em inglês; alguns falam até mesmo mandarim e tâmil. Os malaios formam a parte principal dos membros do Parlamento e dominam o cenário político da Malásia.

No final do século XVIII, quando a Europa experimentava a Revolução Industrial, grandes grupos de chineses de Fujian e Guangdong, na China, foram levados para a península para trabalhar na expansão da indústria de mineração de estanho. Os chineses de Kuala Lumpur falam diferentes dialetos, mas a maioria é de descendência cantonesa,seguidos pelos Hokkiens e Hacás. De modo semelhante, através do sistema de educação proporcionado pelo governo, muitos chineses em Kuala Lumpur são capazes de conversar em inglês, Bahasa Malaysia, mandarim e reconhecer as diferenças entre os dialetos locais.

Indianos formavam 10% da população de Kuala Lumpur em 2000. Historicamente, a maioria dos indianos foram trazidos durante a colonização britânica da Malásia. A maior parte deles pratica o Hinduísmo e falam tâmil ou hindi e inglês. Grande parte de seus costumes e tradições são estreitamente atados à sua religião. Durante festivais hindus tais como o Deepavali, indianos costumam executar ritos coloridos e visitar templos.

O malaio é o idioma oficial, mas o inglês é largamente falado na cidade, especialmente para os negócios e é uma matéria requerida em todas as escolas. Dialetos chinês (Cantonês, Mandarim, Hacá, Hokkien, Hainan) e alguns idiomas indianos e paquistaneses (Tâmil, Telugu, Malayalam, Punjabi, Pashtu) assim como as línguas dos trabalhadores imigrantes (Indonésio, Nepalês, Vietnamita, etc.) também são faladas na cidade.]

A cidade tem muitos lugares de adoração para as multi-religiões da população. O Islamismo é praticado primariamente pelos malaios e pelas comunidades indianas muçulmanas. Há outras religiões como Budismo Maaiana, Confucionismo e Taoísmo (principalmente entre os chineses), Hinduísmo (entre os indianos) e Cristianismo.

Devido ao rápido desenvolvimento na Malásia e em Kuala Lumpur que requer uma grande mão-de-obra, trabalhadores estrangeiros da Indonésia, Nepal, Mianmar, Tailândia, Bangladesh, Vietnã e China foram trazidos para o país.
OBS: a dificuldade de viver a metrópole foi a mesma de escrever sobre a metrópole...então, uma dose de wikipedia aqui..., sorry...

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

VIDA, COMPASSO, RITMO

O contato humano é processo rítmico, energético, carrega tensões ou fluidez. Emoções têm ritmo, compasso, velocidade; sentimos o outro, o outro nos sente: é a estrutura da vida, num fluxo rítmico-energético entre seres, que ao final estão á procura de identidade.

Se baseamos preceitos de vida na dúvida, ou invalidação ou reação, e não na crença, confiança e ação própria (e não reação como efeito externo a fatos ou outros), estamos num compasso que privilegia a retenção, os bloqueios, os traumas, na contramão da harmonia, do compasso, da melodia, que caracterizam a fluidez.

O coração é o pêndulo universal dos ritmos. O seu movimento é como um aferidor das vibrações, com base nas quais decidimos viver: oitavas acima, ou abaixo, e com essa escolha graduamos os sentimentos e as impressões do mundo, harmonizando-nos ou opondo-nos aos desafios que se apresentam.

Sem ritmo não há música; sem harmonia, mestre da arte musicada, não há melodia, a primeira expressão de capacidades musicais. Consonante ou dissonante, os sons se interpõem no mundo da música; o primeiro como aquele agradável aos nossos ouvidos; o segundo trazendo aos sentidos a idéia de desarmonia, parecendo desagradável, mas sabiamente exigindo um outro som logo em seguida, uma resolução em uma consonância, que cai muito bem aos ouvidos.

A representação dos sentimentos traduz-se no comportamento humano, se efetua de acordo com as repercussões de valor que cada um dá às vibrações e ao ritmo, em última instância, do seu coração. E quando o sentimento fala, a comunicação não se fragmenta em pedaços, sem significado. Pelo contrário, o ouvinte é movido por uma impressão de conjunto. Tão verdadeiro é quanto o sentimento que mesmo uma única frase, enunciada em desconhecido idioma, pode nos penetrar.

domingo, 30 de agosto de 2009

CIRCUN-SCREVE

Círculo, circular, não há fora, "circun-screve". Abarca. Estou sempre dentro. Eloquentemente "ser" significa estar sempre dentro, desde dentro, de um modo de ser. Desde onde as coisas são vistas elas estão dentro. Vida, existência, viagem da e para a experiência.

Foto tirada do Lotus Coffee, no centro de Ubud, na Floresta dos Macacos. Flores de Lótus em abundância!

IDENTIDADE NO ESSENCIAL, E DOIS LADOS

“Do fundo da terra, a Obscuridade rugerreluz.
É isso também a vida. Por baixo.
Estranhos veios de ouro atravessando rochas ainda mais estranhas, fósseis
Faces murchas
Lágrimaspetreaspassadas estão buscando a superfície das coisascoisas

Alguém vive, alguém escreve
Esse é o ponto de partida,o ponto de chegada.
Algo está se movendo, então, Est?á Se,
Quem? E o que é, esse algo?

A vida.
E, nela, alguém, que escreve.
E o que escreve, o Livro, é a Ponte, entre a vida-lá
E o vivendo a vida aqui, em mim: alguém, que escreve.

O Livro é a vida? Não, o Livro não é a vida. É a outra vida".
Vicente Franz Cecim, em Ó Serdespanto, Viagem a Andara oO livro invisível.

Vang Vieng, Laos, meio de caminho entre Luang Prabang e Vientianne
No ainda terceiro solo da Indochina, emoções de vida inteira, dividida, e escrita.

AS COISAS MAIS BONITAS DE BALI NÃO ESTÃO À VENDA, COMO AS COISAS DE DENTRO DA ALMA

Crianças preparando oferendas para uma grande cerimônia

Quando cheguei à Bali encantei-me com uma Ilha sobre a qual nunca ouvira falar. Não estive na Bali de Kuta, embora tivesse ído lá. Estive de alma presente na Bali de Ubud, o coração artístico de Bali, onde talvez eu tenha conhecido o povo mais doce do mundo! Brahma, Vishnu e Shiva por lá residem, fazendo do hinduísmo a religião que, em plena harmonia com o budismo, faz da vida local uma continuidade de celebrações aos deuses, de reverências, oferendas e muito sorriso!

Bem o posso dizer, ao me lembrar de Suaka, o sacerdote-motorista que acabou sendo o meu guia por toda aquela região, onde se vê arte sob todas as formas, e festas e cerimônias a cada hora, em cada esquina, na rua, nos templos.

A ilha foi, durante muito tempo, refúgio para nobres, intelectuais e religiosos hindus, no século XVI, quando o islamismo impôs sua hegemonia na Indonésia.

É quase impossível descrever a beleza, charme, energia, o ambiente de Bali. Quando se deixa Bali, com certeza parte de nós fica por lá e parte de lá penetra no nosso ser, e não somos mais os mesmos!

Os balineses acreditam que o casamento é uma situação muito especial. Eles serram os dentes, ligeiramente, o que significa que os noivos estão dispostos a aceitar as dificuldades da vida conjugal. Não só a família participa desta cerimônia, também a comunidade.

Assim como o casamento, a apresentação do recém-nascido e a cerimônia de cremação têm muito valor para os balineses, são parte da preservação da sua tão peculiar cultura.

As coisas mais bonitas de Bali não se pode comprar. Meninas e mulheres que tecem cestos com grama, folhas e flores, preparam suas oferendas aos deuses, várias vezes ao dia. Quase todas as casas têm um templo, logo na sua entrada, onde também têm lugar as oferendas.

Passear por Ubud vale uma limpeza na alma; experiência não replicável. A pé, às vezes em uma pequena motocicleta, não importa. Quando se faz isso por vários dias o corpo, as emoções e a mente acabam se acostumando. Sair de lá sem o coração na mão é quase impossível! O que se vê por lá toca mesmo a alma. Com certeza fez-me uma pessoa melhor!

Templo de Besakih

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

A VIDA FICA POR UM FIO...

Jovem grávida, no mercado de Luang Prabang, Laos. Jovem grávida,

"O que me mantém vivo? A gravidez: toda vez que a obra havia sido parida, a vida ficava pendente por um fio" Nietzsche

A MANUTENÇÃO DA VIDA


"O que me mantém vivo? A gravidez: toda vez que a obra havia sido parida, a vida ficava pendente por um fio" Nietzsche

Vang Vieng. Uma vista do rio Nan Song, exatamente do ângulo que víamos da varanda do restaurante dos bangalôs onde nos hospedamos, e onde ao cair da tarde saboreávamos a deliciosa Beer Lao. Não dá para imaginar que neste local, nas margens contínuas do rio, os americanos tenham feito sua base aérea durante a segunda guerra (minúscula proposital)! Não dá para imaginar que a vida tenha se exaurido na mão e das mãos de tantos!

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

TEMPLO DE QUANG DONG, EM HOI AN, VIETNÃ



Esse é um dos templos mais famosos do Vietnã. Fica na antiga cidade de Hôi An, às margens do Rio Thu Bon. É talvez a cidade mais charmosa do Vietnã. Circundada de campos de arroz que chegam até o mar do Sul da China, Hôi An é uma teia de pequenas e peculiares ruas, com muitos casarões antigos de paredes coloridas e gastas, geralmente nas cores do barro ao vermelho, pequenas pontes bucólicas e muitas casas e templos chineses.

E a comida..., nem se fala! A Cidade abrigou o maior porto comercial do Sudeste Asiático, do século XV a XIX. É também a cidade dos famosos alfaiates, onde se pode escolher o que quiser, de vestidos de noiva a grandes casacos pesados para frio (apesar do calor de lá!)e em pouquíssimo tempo temos a nossa encomenda na mão! Eu tive uma calça comprida e duas bermudas feitas em uma hora! É o mundo mágico da seda asiática!

E foi aqui nesse templo que a tal equipe da Renault, que depois influenciou a ação reprovável de Nelsinho Piquet, esteve, ainda num momento hábil pedindo a proteção de Lord Ganesha na Fórmula I !

SERÁ QUE QUANDO GANHAMOS A INTELIGÊNCIA PERDEMOS O ESPÍRITO?


Em Setembro de 2008, no Vietnã...

No templo Quang Dong, em Hoi An (uma antiga cidade que fica a 600 km de Saygon – hoje Ho Chi Min - a 1100 km de Hanói). Um incenso típico da região, em forma de espiral. Os monges budistas dizem que se queremos alcançar alguma graça especial, devemos escrever o pedido num papel e pendurá-lo nesse incenso, que arde durante toda uma semana, levando aos deuses nosso desejo e trazendo as bênçãos para o seu alcance. Eu fiz o meu! E quando fui pendurá-lo, qual a minha surpresa! Ao lado um apelo da equipe da Renault! Então compreendi..., antes de apelar para as falcatruas, a equipe da Renault apelou ao Lord Ganesha, Shiva... Antes de perder o espírito...!

UMA VISÃO DE OUTROS INCENSOS...

terça-feira, 18 de agosto de 2009

HÔI AN, UMA CIDADE QUE CADA UM DE NÓS TRAZ DENTRO DE SI

Ah quem dera passear pelo passado; acho que todos temos essa vontade nostálgica. Quando cheguei a Hôi An precisei ser despertada; ou me achava num cenário de filme onde era eu a protagonista ou aquilo era real. E é. Numa cidade iluminada por lanternas coloridas de papel de arroz nos sentimos futuristas, mais do que meros turistas a visitar um momento tão alheio à nossa realidade! Hôi An fica como um sonho, como o local onde os chineses que a sitiaram enterravam os umbigos de seus filhos nos jardins de casa. Mantendo a alma deles ali enterrada, eles acreditavam que criavam um forte laço, para que, embora eles saissem pelo mundo, sempre retornassem alo lar.

De repente nos deparamos com um momento passado, num ambiente que preserva as característica do maior porto do sudeste da Ásia no século I DC. Chamava-se Lâm Áp Phô ou Champa city. Contam que os chamados malay-polynesian provavelmente chegaram de Java por volta do ano 200 AC, e aí criaram o Império Champa, que se estendia desde Hué até Nha Trang. Sua importância declinou depois do século XVIII quando o Imperador Gia Long trouxe os ensinamentos de Confúncio e fundou a chamada Dinastia Nguyên, a última das dinastias vietnamitas. asaskfkvlçm sdlksjfslgsafvsn sdifujsfhsaofoidsjfopsdj jidsjfisfsdfdf oijisdfisifsidf
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A partir daí Hôi An ficou esquecida por 200 anos, e manteve as peculiaridades culturais, ainda hoje presentes nas sua pequenas ruelas, iluminadas com suas lanternas características, que ajudam a criar um clima nostálgico, de um tempo em que nem a eletricidade existia! Hôi An desperta para o esquecido que de alguma forma está presente por ser parte da história, ou por lembrar o tal dito cliché: "recordar é viver".

Hôi An - in the middle of Vietnã. À noite a cidade é iluminada por lanternas decorativas, feitas de papel de arroz. Como essas...

Na luz do dia e ...
...à noite


PEDRAS NO PARAÍSO!

Halong Bay, Vietnã. Golfo de Tonkin, in the South China Sea.
São 1960 pequenas ilhas de pedra numa baía com 1553Km2. É considerada patrimônio da humanidade pela Unesco.

FALEI DO ALIMENTO? NAS MINHAS MÃOS..


"Não importa o que se ama. Importa a matéria desse amor. As sucessivas camadas de vida que se atiram para dentro desse amor. As palavras são só um princípio - nem sequer o princípio. Porque no amor os princípios, os meios, os fins são apenas fragmentos de uma história que continua para lá dela, antes e depois do sangue breve de uma vida. Tudo serve a essa obsessão de verdade a que chamamos amor. O sujo, a luz, o áspero, o macio, a falha, a persistência." Inês Pedrosa


Parênteses: “oração intercalada num período e que forma sentido à parte”

Parênteses. Neles não cabem histórias de amor, ou talvez neles é que caibam. Como histórias de conflitos de almas, de diferenças de percepções, de desejos de fusão de elementos em temperaturas que não se combinam.
Algumas histórias contadas trazem ameaças radicais à individualidade. Como se o narrador se encontrasse na afirmação e na negação, de uma mesma história. Por isso mesmo ousa reescrevê-la, pois não conseguiria dar o próximo passo, se assim não fosse. Tentativas de redefinir comportamentos mundanos, bem vindas; mais ainda quando se contam, os contos vividos, na marginalidade dos romances contados, mais que vividos, sob a égide do que chamam de traição - com o outro, a matéria do amor, ou o pior, com o sangue de si próprio, consigo. O verdadeiro e único, o dito: traído.
Os demais mantêm-se, integram-se.



segunda-feira, 17 de agosto de 2009

APSARAS

Dançarinas, chamadas "Apsaras". Parte da cultura/religião hinduísta da Indonésia, com concentração geográfica na ilha de Bali. As Apsaras também estão presentes no Cambodia e em parte do Vietnã. São mulheres jovens de grande beleza e elegância, proficientes na arte da dança. Na Indonésia elas representam esposas de Gandharvas, que no hinduismo são espíritos de homens com parte animal, usualmente pássaro ou cavalo. Esses seres têm grandes habilidades musicais; eles compõem músicas para os deuses e as Apsaras dançam, nos palácios, essas composições. Eles representam os servos de Indra, considerado o rei dos deuses no hinduísmo, também conhecido como Deva ( ou deus Deity, que em sãnscrito quer dizer ser supernatural e imortal, sagrado). As Apsaras podem ser comparadas às "ninfas" da antiga cultura grega.
Elas também são associadas aos rituais hindus da fertilidade.

De "CARTAS A UM JOVEM POETA", adaptado..

Adaptar Rilke? Que audácia, mas necessária... Parte de Cartas a um Jovem Poeta, adaptado de Rainer Maria Rilke.

"Parece-me que todas as nossas tristezas são momentos de tensão que consideramos paralisias porque já não compreendemos nossos sentimentos que se tornaram estranhos; porque estamos a sós com o estrangeiro que nos veio visitar; porque num relance, todo o sentimento familiar e habitual nos abandonou; porque nos encontramos no meio de uma transição onde não podemos permanecer.

Eis porque a tristeza também passa: a novidade em nós, o acréscimo, entrou em nosso coração, penetrou no seu mais íntimo recanto. Nem está mais lá, já passou para o sangue. Não sabemos o que houve. Facilmente nos poderiam fazer crer que nada aconteceu; no entanto ficamos transformados, como se transforma uma casa em que entra um hóspede. Não podemos dizer quem veio, talvez nunca o venhamos a saber, mas muitos sinais fazem crer que é o futuro que entra em nós dessa maneira, para se transformar em nós mesmos, muito antes de vir a acontecer.

O momento aparentemente imóvel em que o futuro entra em nós, está muito mais próximo da vida do que aquele outro, sonoro e acidental, em que ele nos sobrevém como se chegasse de fora. Quanto mais estivermos pacientes e entregues, tanto mais profunda e imperturbável entra a novidade em nós, tanto melhor a conquistamos, tanto mais ela se tornará nosso destino. E quando, num dia ulterior, isso vier a acontecer, isto é, quando sair de nós para chegar aos outros, senti-l-emos familiar e próxima. Deve ser assim, é preciso - e a evolução de cada um de nós, aos poucos, há de processar-se nesse sentido - que nada de estranho nos possa advir, senão o que nos pertence há muito tempo.

No fundo, só uma coragem nos é exigida: a de sermos corajosos em face do estranho, do maravilhoso e do inexplicável que se nos pode defrontar. Por se terem os homens se mostrado covardes nesse sentido, foi a vida prejudicada imensamente. A ânsia em face do “inesclarecível ‘ não empobreceu apenas a existência do indivíduo, como também as relações entre os homens, que foram retiradas do leito de possibilidades, para ficarem a ermo em algum lugar na praia.

Não é apenas a preguiça de mudar que faz as relações humanas se repetirem numa indizível monotonia; é também o medo de algum acontecimento novo, incalculável, frente ao qual não nos sentimos bastante fortes. Somente quem não exclui nada, nem mesmo o mais enigmático , poderá viver sua relação consigo e com outrem como algo de vivo, e ir até o fundo de sua própria existência.

Havendo no mundo espantos, são os nossos; abismos, eles nos pertencem; perigos, devemos procurar amá-los. Se conseguirmos organizar a nossa vida segundo o princípio que aconselha agarrarmo-nos sempre ao difícil, o que nos parece muito estranho agora há de tornar-se o nosso bem mais familiar, mais fiel. Como esquecer os mitos antigos que se encontram no começo de cada povo: os dos dragões que num momento supremo se transformam em princesas? Talvez todos os dragões de nossa vida sejam princesas que agrardam apenas o momento de nos ver um dia belos e corajosos. Talvez o medo e o horror, em última análise, não passe de um desamparo que implora o nosso próprio auxílio.

A vida não esquece a nós. Por que desejamos excluir de nossas vidas toda e qualquer inquietação, dor e melancolia, quando não se sabe como tais circunstâncias trabalham no nosso aperfeiçoamento? Para que perserguir-se a si mesmo com a pergunta: de será que tudo vem, para onde deve ir? Já não sabemos estar em transição? Desejávamos algo melhor do que transformamo-nos? Se algum de nossos atos for doentio, lembremos que a doença é o meio que o organismo se serve para se libertar de um corpo estranho; é só ajudá-lo a ficar doente, ter toda a sua doença, e deixar a esta o seu curso. Em si, acontece tanta coisa, que se deve ter a paciência de um doente e a confiança de um convalescente, pois talvez sejamos um e outro.

Não nos observemos demais, não tiremos conclusões em demasia do que nos acontece, deixemos os sentimento virem, as coisas acontecerem, senão chegaremos facilmente a encarar com censuras o nosso passado, que naturalmente é responsável em parte do que nos ocorre agora. O "grandioso" não foi aquilo que pensamos ter cumprido, mas o fato de ter existido algo que tivemos a coragem de colocar em lugar daquele engano, algo real, algo verdadeiro. Essa é a transição: abandonarmos os grandes para chegarmos aos maiores. Eis porque não cessa de ser difícil, mas tão pouco cessará de crescer".

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

WHEN YOU CLEAN YOUR BODY, DO NOT FORGET TO CLEAN YOUR MIND...

When you clean your body, don´t forget to clean your mind; when you feed your body, don´t forget to feed your mind... (texto de um monge budista - ilha de Ko Samui, Thailand 10/2008)

INTER-ESSE
Que as coisas sejam; elas estão aí para nós, mostram-se revelam-se, enfim, são. Inter-esse? Isto é ser "esse" entre "inter". Entre-ser. Sempre já dentro, ou desde dentro (inter) de um modo de ser (esse). Onde ou desde onde as coisas são vistas, fazem-se visíveis. Oh Prof. Gilvan, o quanto aprendo com a sua generosidade em compartilhar conhecimento! Liberdade para a possibilidade de possibilidades ou para possibilidades.

I HOPE YOU KNOW LABOUR OF THE WORLD

Kingdom of Cambodia, ou Kampuchea, como o povo Khmer chama. Extremo da barbaridade da guerra civil (recuso-me a registrar o nome do carrasco!) e a surpresa ao entrar num tuc-tuc (a foto é do teto interno) dentre as sequelas da guerra e a pobreza aparentemente sem solução sequer a médio prazo. O desejo, a consciência. Será que estamos todos nós trabalhando para o mundo!?

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

THE BRIDGE OF HOPE

Na Monkey Forest Road, principal rua de Ubud, em Bali, fica este belíssimo portal, sob o qual um pequeno riacho caminha, umedecendo a terra mãe do arroz!