segunda-feira, 12 de outubro de 2009

THE "ALMS GIVEN": ESPÍRITO, MENTE E CORPO, NO LAOS

Levei minha alma ao Laos. Ela precisava reciclar poeiras e paisagens. Reciclei a alma, o corpo, a mente e tudo o que eu entendia como minha verdade. Dos primeiros aos últimos raios de sol, o murmurar contínuo do grande rio que atravessa o país. Rio dito pobre para exploradores (com certeza o Laos seria outro se ele fosse navegável a grande embarcações...), ainda bem que assim o é. E sem ninguém para explorar minha a alma, a tive nas mãos, serena, discreta, acumulando o Sagrado que impregna esse pequeno País e o som do seu silêncio supremo.

Aos primeiros raios do sol, The "Alms Given". Pelas 5 hs, os monges budistas percorrem as ruas como diz a tradição, recolhendo doações de alimentos para masi uma jornada de trabalhos, ao som e ritmo dos enormes tambores que despertam e celebram mais um dia, vagaroso, no ritmo da alma daquele povo tão especial.

O Laos não se esquece jamais!

O Laos era chamado de Lan Xang, a Terra de Milhões de Elefantes, ainda quando era o reino que precedeu a República Democrática Popular do Laos. Era o Reino Nanzhao. E ainda existem muitos elefantes por lá, de certo ameaçados, depois que o país abriu suas portas na década de 1990..

No Laos você se percebe, e se assusta com a sua capacidade esquecida de ouvir o silêncio e reconhecer no seu corpo o ritmo menos veloz. Se não o fizer, destoará do conjunto tão harmonioso e singular que lá se encontra. E dificilmente conseguirá apreender o Laos, entrar em sintonia com aquela vida tão peculiar. O ambiente guarda um cenário quase intocado pelos que vêm de fora, que ainda são poucos curiosos, como eu.
A começar pelos valores..., monetário. Notas de 20 mil, 50 mil e 100 mil. É o kip, a moeda do Laos, que vale quase nada nas nossas referências monetárias estabelecidas e consumidas pelo grande sistema ocidental! Paradoxalmente, o tamanho das notas é algo surpeendentemente grande! Diante de uma realidade tão diferente, chega-se a inferir como é possível conciliar dois mundos tão distantes!

A história do Laos é rica, dentre idas e vindas de povos, tendo passado pelo domínio Khmer cambojano também. Nos meados dos anos 1500 pertenceu à Birmânia (hoje Mianmar), depois foi parte do Reino Sião, hoje Tailândia. Na II guerra foi invadido pelos japoneses e ao final desta, os franceses retomam o Laos, que já havia sido, no século XIX, incorporado à Indochina francesa.

Em 1949 ocorre a independência do Laos. E o legado da cultura francesa se vê presente, para muito gosto dos poucos ocidentais que passam por lá, onde podem encontrar até baguetes, ausentes na Indochina, senão no Laos e em Hanói. E Luang Prabang guarda uma adega de colocar inveja a muitos!

Luang Prabang tem 22 mil habitantes. Luang Prabang não é a capital; esta se chama Vientiane, e fica a uns 150 km, ao sul. Dentre os 22 mil, me apaixonei por esses sorrisos, que residem do lado desabitado do Rio Mekong, onde antes foi o centro da cidade, destruído em algumas das suas ocupações violentas. Ainda assim Luang Prabang conserva 34, dos seus 66 tempos originais. E é difícil imaginar a guerra, em meio a tanta pacificidade no ar, na água, no povo, nas ruas!
Olá meninos, vocês nem sabem que estão também por aqui! Muito boa sorte para vocês! E uma vida plena!

CERTEZA DE QUE SABEMOS?



Palavras minhas, palavras de outros, sejam quais sejam, nunca serão mais do que um comentário, ou um retrato de algo vivido. Quando mergulhei numa extensa fase de leituras, cheguei a ler sobre lobos.

Tive curiosidade particular com um guará. Soube que dentre os ariscos e agressivos pode surgir aquele animal que foge à sua natureza, apresentando-se dócil, meigo.

O que eu entendia de um guará? Que era um animal em extinção? Que pertencia à família dos Canidae, da classe mammalia, cujo nome científico é Chrysocyon brachyurus e em inglês é conhecido como maned wolf? Nada, eu por mais que lesse, continuaria a não entender nada sobre ele. Nenhuma dessas informações me diria nada sobre aquela loba guará que um dia vi num sítio de um amigo, companheira de um caseiro seu. Encantei-me com ela.

Será que se eu ficasse o dia todo ali entenderia mais um pouco dela? Como se alimentava, como se protegia dos ventos, o quanto de água bebia, o quanto de sol gostava? E se eu me dispusesse a copiar seus traços num desenho, passaria a entender dela mais do que quando li sobre ela no livro? E se eu extraísse informações de suas células a partir de um microscópio?

A cada projeto de investigação me perguntava qual a minha compreensão sobre os lobos-guará, se não essa realidade que está além do que eu denomino e aquém do que é real? Admiti que assim, os lábios, a língua, os olhos e dedos juntam-se e falam para dentro, para a compreensão que admitimos como real, só para nós. Circun-Scrito.

Mas não me detive. Parti para fazer ainda uma analogia com uma árvore: folhas, raízes, galhos, milhares de anos de solo com plantas caídas, algumas flores apodrecidas, muitas lembranças. Qual a minha compreensão das árvores? Compreenderia de todo que as flores apodrecidas faziam tão parte dela como os galhos vivos? Dentro de mim seria também assim?

Concluía que se tomo a mim algo de sabedoria, nunca deveria tentar conduzir qualquer outro ser para um lugar onde residem meus pensamentos. Nunca para dentro de mim, entre galhos e folhas, mas poderia orientá-lo para a floresta, e deixá-lo entre as árvores, até que esse outro ser fosse perspicaz para descobri aquilo mesmo dentro de si, e si mesmo dentro daquela floresta, e árvores, galhos, e folhas.

Assim eu estava para a loba guará como ela estava para mim. Qual a minha compreensão para além dos pobres nomes que eu dava às coisas? Mais ainda, para a interpretação, as minhas falas, sobre sentimentos e coisas?

Sempre dentro, e desde de dentro, não há fora. Circun-Screve.




Campos de arroz, em Ubud, Bali. Ao fundo dessa vista, lá no local, mais precisamente de Kintamani, uma pequena cidade onde há um restaurante fantástico, com uma comida excelente, inesquecível! Sentados no terraço do restaurante, pode-se ver o vulcão Batur. Segundo os balineses, quando os vulcões soltam suas lavras, elas se trasformam em monstros e fugem para o mar. Na sua base fica o grande lago Batur. Os balineses não tomam banho no mar, temem os monstros e mais ainda, acham o mar muito grande!


Bali respira arte e religiosidade, sabores, arak, reverências, oferendas, Namastê! Diferente do resto da Indonésia muçulmana, em Bali a mistura de hinduísmo e budismo faz do balinês um povo único e muito especial; parece um lugar esculpido para ser o que é, por encomenda. Florestas tropicais, no seu interior, circunscrevem os arrozais, presença constante por lá. É um lugar místico, único, especial. Registro: quando eu me aposentar irei viver durante 06 meses em Ubud, com certeza! E aprtender um pouco mais sobre as histórias das apsaras, sobre o Barong, o grande e cativante mistura de animal e homem, mito da ilha. E saborear a deliciosa Bitang!