segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

CIRCUN-SCREVE

POR QUÊ DAR O NOME "CIRCUNSCREVE"? A idéia inspiradora é a de que em "círculo, circular", não há fora, "Circun-Screve". Abarca. Estou sempre dentro. Eloquentemente "ser" significa estar sempre dentro, desde dentro, de um modo de ser. Desde onde as coisas são vistas elas estão dentro. Vida, existência, viagem da experiência, para a experiência. A partir daí, todas as verdades são relativas...

A vida não se movimenta seguindo um script que definimos. Podemos dizê-la, escrevê-la, de nada vale. Também não se movimenta conforme pensamos que deveria se movimentar, muito menos ainda conforme tentamos fazer que se movimente.

A maioria de nós sente grande desconforto, e por vezes raiva, quando os planos, nos quais investimos energia, tempo, dinheiro, falham. No estado de graça sempre confiamos em nós, e por vezes isso encobre as possibilidades de fracassos. Como não podemos ver o que estamos construindo, que certeza temos de que estamos no caminho correto?

Não existem mapas que possam inserir caminhos que ainda vamos descobrir. Se não podemos ver onde podemos ir, podemos decidir onde não ir, à medida que esse caminho é conhecido. E essa negação é um novo início. Todo mapa de caminho errado é um mapa antigo, portanto, também não valem as alternativas de projeção de histórias já vividas. O outro caminho não pode ser colocado em mapa nenhum.


"Meus olhos já tocam o monte ensolarado,
indo muito á frente da estrada que tomei.
Assim somos compreendidos
pelo que não podemos compreender.
E que tem sua luz interior, mesmo à distância -
E nos modifica, mesmo que não alcancemos,
em alguma outra coisa, que sem sentir já somos.."
Rainer M. Rilke


O SAGRADO CIRCUNSCRITO...DO OUTRO LADO DO MUNDO

Cerimônia diária - Bali - Indonésia

...PARA VIVER O PROCRIAR, BALI



Um ano a mais percorrido. Fui eu que passei pelo tempo ou ele que passou por mim? E lá se vai mais uma década. Como terá sido a anterior a que se acabou? Nem sei mais, mas com certeza dela foi feita toda a paisagem que percorri até agora. Será que sou capaz de mudar as paisagens? Ou de escolher novos caminhos? Talvez, e para tal me disponho a fazer crescer minha idéia sobre harmonia. Talvez sobre o que é alegria. Mais um pouco sobre compreender cada vez mais que a vida tem suas próprias regras, e elas não são as nossas. Diante disso me parece que me indispus mais do que devia, ou poderia. E vivi menos alegrias do que deveria, e podia...emboira não saiba o quanto de verdade há nisso...

Fecho a década com a certeza de que antes dela eu não tinha a mínima idéia sobre como se vive nesse planeta. Fui ao seu outro lado, e descobri também verdades, embora muito diferentes das minhas, das nossas ocidentais. Tive a oportunidade de ampliar meu conceito sobre os homens, sua maneira de enxergar e viver a vida, seu critério de valorização. Passei a perceber que o mundo se torna outro quando se perdeu muito, quando se viveu tempos de guerra, quando não se pode fazer escolhas sobre a própria vida!

Aprendi a passear pelo mundo longe dos hotéis 5 estrelas que deturpam a visão local, e bloqueiam a possibilidade de nos depararmos com a verdadeira cultura. Aprendi a nutrir a minha alma com o contato o mais próximo possível de como a vida é vivida, apreciada, esculpida pela comunidade local. Encantei-me com a minha capacidade, sobre a qual ainda procuro palavras que exprimam tudo aquilo que me nutriu e que com certeza, me transformou num outro ser, mais conectado, flexível, enriquecido com às vezes o som, às vezes o silêncio, desse mundo reverenciado como sagrado, antes tão distante de mim.

Que na década que entra eu possa revisitar a terra onde Brahma criou o paraíso, o céu e o ambiente perfeito para todas as criaturas viverem e procriarem!