segunda-feira, 17 de agosto de 2009

APSARAS

Dançarinas, chamadas "Apsaras". Parte da cultura/religião hinduísta da Indonésia, com concentração geográfica na ilha de Bali. As Apsaras também estão presentes no Cambodia e em parte do Vietnã. São mulheres jovens de grande beleza e elegância, proficientes na arte da dança. Na Indonésia elas representam esposas de Gandharvas, que no hinduismo são espíritos de homens com parte animal, usualmente pássaro ou cavalo. Esses seres têm grandes habilidades musicais; eles compõem músicas para os deuses e as Apsaras dançam, nos palácios, essas composições. Eles representam os servos de Indra, considerado o rei dos deuses no hinduísmo, também conhecido como Deva ( ou deus Deity, que em sãnscrito quer dizer ser supernatural e imortal, sagrado). As Apsaras podem ser comparadas às "ninfas" da antiga cultura grega.
Elas também são associadas aos rituais hindus da fertilidade.

De "CARTAS A UM JOVEM POETA", adaptado..

Adaptar Rilke? Que audácia, mas necessária... Parte de Cartas a um Jovem Poeta, adaptado de Rainer Maria Rilke.

"Parece-me que todas as nossas tristezas são momentos de tensão que consideramos paralisias porque já não compreendemos nossos sentimentos que se tornaram estranhos; porque estamos a sós com o estrangeiro que nos veio visitar; porque num relance, todo o sentimento familiar e habitual nos abandonou; porque nos encontramos no meio de uma transição onde não podemos permanecer.

Eis porque a tristeza também passa: a novidade em nós, o acréscimo, entrou em nosso coração, penetrou no seu mais íntimo recanto. Nem está mais lá, já passou para o sangue. Não sabemos o que houve. Facilmente nos poderiam fazer crer que nada aconteceu; no entanto ficamos transformados, como se transforma uma casa em que entra um hóspede. Não podemos dizer quem veio, talvez nunca o venhamos a saber, mas muitos sinais fazem crer que é o futuro que entra em nós dessa maneira, para se transformar em nós mesmos, muito antes de vir a acontecer.

O momento aparentemente imóvel em que o futuro entra em nós, está muito mais próximo da vida do que aquele outro, sonoro e acidental, em que ele nos sobrevém como se chegasse de fora. Quanto mais estivermos pacientes e entregues, tanto mais profunda e imperturbável entra a novidade em nós, tanto melhor a conquistamos, tanto mais ela se tornará nosso destino. E quando, num dia ulterior, isso vier a acontecer, isto é, quando sair de nós para chegar aos outros, senti-l-emos familiar e próxima. Deve ser assim, é preciso - e a evolução de cada um de nós, aos poucos, há de processar-se nesse sentido - que nada de estranho nos possa advir, senão o que nos pertence há muito tempo.

No fundo, só uma coragem nos é exigida: a de sermos corajosos em face do estranho, do maravilhoso e do inexplicável que se nos pode defrontar. Por se terem os homens se mostrado covardes nesse sentido, foi a vida prejudicada imensamente. A ânsia em face do “inesclarecível ‘ não empobreceu apenas a existência do indivíduo, como também as relações entre os homens, que foram retiradas do leito de possibilidades, para ficarem a ermo em algum lugar na praia.

Não é apenas a preguiça de mudar que faz as relações humanas se repetirem numa indizível monotonia; é também o medo de algum acontecimento novo, incalculável, frente ao qual não nos sentimos bastante fortes. Somente quem não exclui nada, nem mesmo o mais enigmático , poderá viver sua relação consigo e com outrem como algo de vivo, e ir até o fundo de sua própria existência.

Havendo no mundo espantos, são os nossos; abismos, eles nos pertencem; perigos, devemos procurar amá-los. Se conseguirmos organizar a nossa vida segundo o princípio que aconselha agarrarmo-nos sempre ao difícil, o que nos parece muito estranho agora há de tornar-se o nosso bem mais familiar, mais fiel. Como esquecer os mitos antigos que se encontram no começo de cada povo: os dos dragões que num momento supremo se transformam em princesas? Talvez todos os dragões de nossa vida sejam princesas que agrardam apenas o momento de nos ver um dia belos e corajosos. Talvez o medo e o horror, em última análise, não passe de um desamparo que implora o nosso próprio auxílio.

A vida não esquece a nós. Por que desejamos excluir de nossas vidas toda e qualquer inquietação, dor e melancolia, quando não se sabe como tais circunstâncias trabalham no nosso aperfeiçoamento? Para que perserguir-se a si mesmo com a pergunta: de será que tudo vem, para onde deve ir? Já não sabemos estar em transição? Desejávamos algo melhor do que transformamo-nos? Se algum de nossos atos for doentio, lembremos que a doença é o meio que o organismo se serve para se libertar de um corpo estranho; é só ajudá-lo a ficar doente, ter toda a sua doença, e deixar a esta o seu curso. Em si, acontece tanta coisa, que se deve ter a paciência de um doente e a confiança de um convalescente, pois talvez sejamos um e outro.

Não nos observemos demais, não tiremos conclusões em demasia do que nos acontece, deixemos os sentimento virem, as coisas acontecerem, senão chegaremos facilmente a encarar com censuras o nosso passado, que naturalmente é responsável em parte do que nos ocorre agora. O "grandioso" não foi aquilo que pensamos ter cumprido, mas o fato de ter existido algo que tivemos a coragem de colocar em lugar daquele engano, algo real, algo verdadeiro. Essa é a transição: abandonarmos os grandes para chegarmos aos maiores. Eis porque não cessa de ser difícil, mas tão pouco cessará de crescer".